segunda-feira, 27 de julho de 2009

Dicas Nunca é d++++++

Ao adquirir o seu 4x4, procure ficar íntimo dele. Ele pode fazer coisas surpreendentes, mas para tudo há limites, e passando deles o tombo é certo. Procure saber quais são os exatos ângulos de ataque, saída e de inclinação lateral do seu 4x4. Existe um aparelho simples e barato, encontrado nas boas lojas especializadas em veículos 4x4, chamado inclinômetro, que indica, como se fosse um nível de pedreiro, o ângulo em que o seu carro está em cada momento.

A segurança deve vir antes de qualquer coisa. Se o seu jipe for equipado com capota de lona, pense na instalação de uma gaiola de proteção. Freio a disco, cinto de segurança de pelo menos três pontos, caixa de direção bem regulada, pneus em bom estado, são muito mais importantes do que qualquer acessório moderno. Antes de tudo, pense em sua segurança e na do próximo!

Não queira ser Super-Homem ou Mulher-Maravilha. Se estiver com receio de passar, não passe. E se quiser passar, faça-o com convicção, sem medo de errar. Lembre-se: Qualquer um atola! E o mais importante: quando desconhecer o terreno, faça um reconhecimento a pé da região, o que evitará desagradáveis surpresas.

É muito importante se integrar ao ambiente, pois o estranho no ninho é você. Infelizmente ainda temos visto muita sujeira depois da passagem de jipes pelas trilhas. Por favor, e por vocês mesmos: não sujem, não queimem, não derrubem árvores. Se virem um jipeiro sujando e poluindo, converse, alerte, tire fotos e avise que vai denunciar, enfim, faça qualquer coisa, mas conserve o que a sua raça tem de mais caro.

O jipe não tem que ser só bonito, ou o mais enfeitado da turma. O carro tem é que funcionar, e bem, quando for exigido. E nem tudo que é enfeite se traduz em útil, podendo até significar peso extra na hora de ultrapassar um obstáculo. Guincho, cinta, patesca, luvas para o manuseio do cabo de aço, pneus lameiros de tamanho adequado, macaco hi-lift, e, é claro, uma mecânica revisada e em bom estado, é que são condições essenciais para uma boa aventura.

Não entre num lugar que você não conhece. Não vá sozinho para a trilha. Sem conhecimento, equipamento e malícia, uma ou mais pessoas podem passar até vários dias encrencados e sem nenhuma ajuda num raio de quilômetros. E estar dentro da mata, com frio, sede e fome, não é das experiências mais agradáveis. Ao sair para a trilha, pense sempre que a aventura poderá demorar muito. Por isso leve algumas frutas, biscoitos, pão e, principalmente, água. Previna-se.

Expedição dos Desertos 14 e 15 dias







14º Dia -24/07 – Deserto de Siloli – San Pedro da Atacama




Depois do famoso “no Sleep”, acordamos cedo para novamente continuarmos nossa jornada pelo Deserto de Siloli, em direção a Arvore de Pedra, um monumento esculpido pela erosão dos fortes ventos que assolam a região. A rocha esculpida possui 5 metros de altura, e é realmente impressionante a semelhança com uma árvore. Pela manhã estava fazendo -13ºC, sendo que pela noite havia feito -17ºC. Para fazer os carros funcionarem com esta temperatura foi um sacrifício, sendo que alguns necessitaram serem puxados, pois as baterias não deram conta do recado. Resolvidos os problemas com o diesel congelado (apesar do uso de aditivo anticongelante), seguimos pelo deserto, onde a cada km éramos surpreendidos pela beleza do deserto, sua amplitude e serenidade. Entramos no parque nacional onde está localizada a Laguna Colorada, local escolhido pelos flamingos para seu acasalamento. Fomos informados pelos fiscais do parque de que em virtude do forte frio que a mais de uma semana castiga a região, com temperaturas de -25ºC seria improvável avistar qualquer ave. Mas como a sorte acompanha os expedicionários, pudemos avistar os flamingos rosa (os mais fortes costumam permanecer, apesar do intenso frio) no lago praticamente congelado. Foi possível tirar fotos inesquecíveis, o que não foi difícil, face à beleza e a oportunidade rara de avistar os flamingos a apenas 50m de distância. Seguindo adiante, avistamos mais manadas de vicunhas selvagens, algumas lagunas congeladas, que, em contraste com o deserto formam uma paisagem surreal. Neste dia alcançamos a maior altitude, passando dos 5.000 m, na aduana boliviana, que funciona anexo a uma indústria de extração de “borax”. Em conversa com o funcionário desta, informou que trabalham na empresa cerca de 250 pessoas, a noite tem feito em média temperaturas de -30ºC, e são os únicos que suportam viver em ambiente tão hostil. Ele afirmou que foram trazidos quatro cães, mas nenhum suportou a adversidade do local. Passamos também pela laguna verde, lindíssima, extensa, situada a aproximadamente 4.500 m de altitude, ao pé do vulcão Licancabur, imponente, e sua vista pode ser apreciada também em San Pedro de Atacama, no Chile, aonde chegamos ao final da tarde, onde fizemos os trâmites da aduana. Tivemos apenas um problema, com a equipe “Seu Ida”, onde o piloto teve seu “pau” retido pelos oficiais chilenos. Registre-se que o material teria sido achado no deserto e trazido junto pelo piloto como “suvenir”. Por pouco não teve de pagar multa pelo ocorrido. Instalamos-nos no hotel e fizemos uma revisão nos carros, pois o dia, apesar de ter sido muito bonito, foi muito desgastante para os autos. À noite saímos para jantar na simpática e exótica San Pedro, cidade cheia de bares, restaurantes, atrações artísticas, culturais e lugares alternativos, uma opção para todos os gostos e paladar. Tomamos algumas cubas, e escutamos algumas piadas do expedicionário nº “03”, Allisson o “Cotoco” (apelido dado por uma de suas piadas). O curioso foi quando chegamos ao hotel, após mandarmos os email´s, fomos para o quarto, quando no caminho, no meio do estacionamento, nos deparamos com um enorme dobermann, que nos saudou e ao abrirmos a porta do quarto, foi o primeiro a entrar. Não bastasse o susto, a Denise e eu tivemos que convencer o “novo amigo” a sair do quarto para podermos dormir.



15º Dia -25/07 – San Pedro de Atacama (Chile) – Joaquim Gonzalez (Arg)



Tomamos um café servido com a ajuda do Veiguinha, que não se acanhou em ajudar à senhora que estava meio atrapalhada com a “invasão” dos expedicionários, que dominaram o pequeno e simpático hotel. Nesta manhã não estava tão frio como os demais, estava apenas -3ºC, com a umidade relativa abaixo de 20%. Saímos em direção a aduana para pegarmos a estrada com destino a argentina. Pequenos contratempos com a aduana chilena, tendo em vista a enorme quantidade de turistas que visitam a região. Não foi possível realizarmos o que havia sido previsto na programação, tendo em vista o dia que perdemos em Uyuni, pela impossibilidade de abastecermos os carros, em decorrência da tempestade de areia. O “Seu Ida” tinha a esperança de reaver seu “pau”, mas não “logrou êxito” no “intento”. Pegamos a estrada, desta vez toda asfaltada (uma pena) subindo aproximadamente 2.000 m, uma estrada lindíssima, com vários trechos com neve nas laterais, rodeada de picos nevados e extensos vales. Passamos por alguns lagos congelados e alguns pequenos salares, até a divisa com a argentina, onde ficamos parados por aproximadamente duas horas, devido à burocracia e a falha no sistema informatizado. Graças à “intervenção” do chefe da expedição, o incansável Pancho, o paizão dos expedicionários (é um barato todos perguntarem, ou tirarem as dúvidas com ele, ex.: Maurício o que é aquela moita na direita? Qual a diferença da lhama, alpaca e da vicunha? Qual o nome daquele lago? Quanto é o pedágio? Um “sarro” mesmo), que sempre intercede pelo interesse do grupo. Show mesmo, (um espetáculo, como diz o “Seu Macedo”). Tivemos um pequeno problema elétrico no carro do presidente, nada grave, logo solucionado. O carro do Pancho não gosta muito de subidas íngremes, mas nada que uma paradinha para pegar um ar não resolva. Passamos pela bonita serra na região da Quebrada de Humauaca, que lembra a serra do rio do rastro, com o detalhe que esta se localiza a mais de 3.000 m de altitude, e tem a presença de cactos nas encostas dos morros. Recebemos de presente um “CD” com musicas chilenas e bolivianas, com uma faixa especial que fala sobre este local. Presente oferecido pelo grande colega Guillermo, participante da “expedição Pesque-Pague”, evento “irmão” da expedição dos desertos. Chegamos à noite, por volta das 10:30hrs, em Joaquim Gonzáles. Contamos alguns causos e nos recolhemos, pois a cidade é modesta e a puxada do dia seguinte é forte, com mais de 800 km de “chão” pela frente.